segunda-feira, 18 de maio de 2009

Desenvolvimento da linguagem




Linguagem como forma de comunicação



O rápido desenvolvimento do cérebro permite à criança começar a falar com relativa rapidez. Para isso também necessita de que os músculos da boca e da garganta se vão aperfeiçoando e precisa de aprender a distinguir os diversos sons que ouve. Mas tudo isto será inútil se o cérebro não tiver atingido a maturidade necessária. Por isso, um atraso grande no inicio da fala deve alertar os Pais. O bebé recém-nascido emite pequenos ruídos e reage ao som da campainha.
O choro representa a primeira e a mais elementar forma de comunicação. Nas primeiras semanas, o choro surge como resposta a um determinado estado do bebé, que a Mãe irá compreendendo pouco a pouco. O significado do choro é determinado pelo ritmo, pelo tom e pela intensidade como é produzido.
A criança nasce e cresce numa sociedade humana e são os adultos que lhe transmitem o uso da palavra. A criança vai descobrindo que cada coisa tem um nome e que aprendendo-os consegue ordenar o mundo que a rodeia. Progressivamente, vai tomando consciência da existência de uma relação social que desenvolverá através da linguagem. Ou seja, através da linguagem a criança está em contacto directo com a realidade. A linguagem é o objecto de transmissão social, adquire-se através da imitação na transmissão social e permite-nos organizar o conhecimento que temos de nós próprios e do mundo externo.




Etapas na aquisição da linguagem




O recém-nascido não consegue falar porque tem uma boca muito pequena e uma língua muito grande em comparação com a cavidade bucal. Além disso, o palato é muito plano e as zonas do cérebro responsáveis pela linguagem estão muito desenvolvidas. A falta de memória, por fim, reforça os impedimentos anteriores. Aos sete meses, diverte-se a fazer sons com a boca e a escutar as suas próprias palavras. Esses sons que emitem não são verdadeiramente palavras, mas sim meras repetições, pelo que, nesta fase, tem exactamente o mesmo significado o bebé dizer “papa” ou “lelé”. Repete sons porque brinca com eles, do mesmo modo que repete s movimentos das mãos e dos pés, sem que isso signifique que queira agarrar alguma coisa ou andar
Por volta dos dez meses, a criança diz a primeira palavra que realmente significa alguma coisa e, além disso, começa a acudir ao seu nome.
Com um ano, já usa de quatro a seis palavras reais, com verdadeiro significado, mas compreende mais do que sabe dizer.
Aos dezoito meses, a criança fala bastante, mas de uma forma que só ela e os Pais entendem, e nem sempre. Também é capas de identificar e de entender ordens simples.
Para aprender a falar, a criança necessita da maturação do cérebro. Mas quase que se revestem da mesma importância o ambiente, a atenção que se lhe dedica, o tempo que a Mãe passa a brincar e a falar com ela, ou seja, o afecto que recebe das pessoas que a rodeiam.
O aparecimento precoce do “não”. Primeiro com um movimento da cabeça e, depois, unido a esse gesto a pronúncia da palavra.
A primeira palavra “não” deve-se ao facto de esta ser uma das palavras que os Pais usam mais, especialmente quando a criança começa a andar e quer mexer em tudo, com o que aumenta consideravelmente as situações de perigo e as proibições por parte dos educadores.
Para poder falar, a criança tem de desenvolver o seu aparelho fonador, os músculos e os nervos que intervêm no acto da fala.
A aprendizagem desta capacidade humana dá-se num, momento determinado, passado o qual não é possível o desenvolvimento da linguagem.
Quer isto dizer que as crianças aprendem a falar num período de terminado da sua vida, seguindo etapas regulares. Isto não impede que o ambiente sócio familiar da criança seja determinante da riqueza da linguagem.
A criança que, aos dezoito meses, diz algumas palavras fala com uma linguagem própria, que só aqueles que vivem com ela entendem, adquire agora uma expressão de tipo telegráfico, que vai melhorando gradualmente.
Por volta dos dois anos, possui já um vocabulário extenso, devido ao interesse que tem em conhecer o nome das coisas. Aos dois anos, saber o nome das coisas equivale a tomar posse delas. A partir dos três anos, a linguagem da criança enriquece-se muito e a sua pronúncia melhora.




Cognição e linguagem




A linguagem surge na criança por volta dos 2 anos de idade e desenvolve-se a par da formação do símbolo e da construção do objecto, pressupondo a existência prévia de uma inteligência sensoriomotora. O desenvolvimento do pensamento simbólico é universal, manifestando-se em crianças de qualquer nacionalidade e cultura, pela utilização de signos e símbolos.
Piaget admite uma interacção recíproca entre pensamento e linguagem, porque se a linguagem procede de uma inteligência parcial, estruturada, também ela exerce uma acção estruturante sobre a inteligência.
Quando a linguagem é dominada pela criança é um instrumento do pensamento e proporciona o raciocínio verbal. A criança pode utilizar de forma adequada a linguagem, mas não quer dizer que domine a estrutura lógica da linguagem, o que só acontece por volta dos 11-12 anos, com as operações lógico-formais.
A linguagem costuma reflectir o pensamento e pode ser tida como o elo final da cadeia de processos psíquicos que se iniciam com a percepção e terminam com a palavra falada ou com a escrita. É costume ter-se por certo que não existem pensamentos que não sejam formulados por palavras, ao ponto de se poder afirmar que todo o pensamento corresponde a uma determinada expressão verbal. É por isso que não se estabelecem diferenciações entre as perturbações do pensamento e as alterações da linguagem.