sexta-feira, 6 de março de 2009

Desenvolvimento Físico e Psicomotor







Evolução da Postura e da Descoberta do Corpo

Durante os primeiros meses de vida, a criança não diferencia completamente a sua própria pessoa dos que a rodeiam. Tem de aprender o que é o seu corpo e o que não o é.
Quando, continuamente, faz cair da sua caminha os brinquedos, quando, à vontade, salpica de água a casa de banho enquanto se arranja, quando atira areia sobre o seu vizinho na tina de areia...descobre como o seu corpo pode agir sobre outros objectos que fazem parte do seu meio ambiente.
Período infantil 0-18 meses (Desenvolvimento Psicomotor). O bebé ao fim de 4 semanas, só reconhece mobilidade diferenciada na região local.
- Aos dois meses, o bebé é capaz, com o olhar de acompanhar um objecto que se desloque lentamente no campo visual...
- No decurso dos três primeiros meses estabelece a coordenação da mobilidade ocular.
- Aos três meses e meio a cabeça do bebé mantêm-se direita quando está sentado.
- Aos 4 meses o bebé procura a fonte um som familiar, as mãos dirigem-se para os objectos visto...
Aos 5 meses o bebé segura-o entre os dedos e a palma da mão...aos 6 meses já opõem o polegar aos restantes dedos...
Por volta dos 5 meses, a mão direita e esquerda são usadas indistintamente para pegar nos objectos...
Aos 6 meses a criança fica sentada, com auxílio, o que lhe permite um alargamento do seu campo visual.
Quando a criança palpa as diferentes partes do seu corpo, acontece-lhe fazer coincidir duas séries de sensações tácteis: o movimento da mão que se desloca e o espaço cutâneo percorrido. Esta experiência permite à criança tomar progressivamente consciência do seu corpo.
- Aos 9 meses fica perfeitamente sentada em equilibrio.
- Aos 9 meses é capaz de se pôr de pé, mas não tem equilibrio e cai sentada...deitada de barriga, rasteja e recua, logo será quadrúpede e andará de gatas...
- Aos 12 meses pode manter-se de pé sem ajuda, mas o seu equilibrio é instável.


No campo físico, esta etapa pode ser dividida em duas fases. Na primeira fase, o grau de desenvolvimento esquelético é moderado e estável. Tem natural avidez pelo exercício como factor de crescimento. Mantêm-se ainda a desproporção entre coração e pulmões, e as medidas biométricas. O corpo não suporta actividades em débito de oxigénio. As qualidades de coordenação, que já vinham da etapa anterior, estão em fase de desenvolvimento, o arremessar e o agarrar são gestos mais preciosos. Mantém-se o gosto pelo ritmo, imaginação e dramatização, bem como a curiosidade e desejo de criação. As qualidades de fixação e focalização da vista ainda não estão completamente desenvolvidas.
Na segunda fase, a estatura e peso aumentam com regularidade, o coração e os pulmões atingem sensivelmente as proporções das do adulto, porém, a força muscular não acompanha o grau de crescimento e desenvolvimento geral. Nesta fase, aumenta a resistência geral ao esforço e auto-dominio, aumenta ainda consideravelmente a amplitude de atenção. A criança pode ouvir e seguir mais indicações, fixa mais fácilmemte. Melhora o tempo de reacção, e as qualidades de coordenação.
As crianças estão interessadas em aprender coisas novas, adquirem um gosto pela aventura e pela descoberta.
Na 1ª Infância do estádio pré-operatório (18/24 meses-3 a 4 anos) à medida que a criança vai sendo capaz de evocar objectos e situações ausentes forma-se a Imagem Mental.
A criança a partir de então desenvolve uma outra forma de inteligência, a inteligência representativa. Neste período a ctividade mental da criança é essencialmente imaginativa, dando a tudo o que a rodeia um significado muito pessoal e de acordo com os seus desejos.
Através da linguagem que então adquire, e na qual vai pogredindo, manifesta um pensamento egocêntrico e uma grande curiosidade por tudo o que a rodeia. É a idade do "porquê"?
Relativamente a aspectos mais fisicos, verificam-se progressos sensiveis na locomoção e manipulação. Dá-se um avanço na automatização da marcha e na coordenação da corrida, aquisições que se notam por volta 3-4 anos.
Os movimentos de preensão e manipulação aperfeiçoam-se, coordenam-se e diferenciam-se. O jogo surge como uma forma essencial de actividade, graças ao qual a criança explora as suas possibilidades sensoriais e motoras.
Na 2ª Infância do estádio pré-operatório (3/4 anos - 6/7 ansos) nesta etapa, a criança sofre um crescimento esquelético rápido, diminuindo até se manter estável quando se aproxima a idade limite do período. Este crescimento origina uma desproporção entre altura, peso e orgãos vitais, tais como, o coração e os pulmões.
A criança é extremamente activa, com os limites de atenção curtos.
Dá-se um desenvolvimento de qualidades de coordenação, podendo a criança equilibrar-se em várias posições, movimentar-se no espaço de várias maneiras. É também capaz de agarrar e arremessar objectos grandes.
Para além disso, acentua-se o gosto por ritmo, dramatização, imitação dos movimentos que observa nos outros, o que lhe facilita numerosas aquisições.
Quanto ao pensamento da criança, este vai-se descentrando progressivamente do mundo da ficção, muito subjectivo e muito egocêntrico para iniciar sobre os dados sensoriais do mundo objectivo que a rodeia. Os interesses da criança são manifestos pelas cores, pela forma, pelo tamanho, pela aparência exterior e, um pouco mais tardiamente, pela configuração de pequenos conjuntos de objectos semelhantes manipulando os objectos realiza acções mentais de juntar, de dissociar, de classificar, etc...
Neste período a criança já possui noções de tempo e espaço, embora dependentes de ritmo das variações da natureza (estações do ano, noite, dia...), e muito integradas nas vivências subjectivas.
Na 3ª Infância das operações concretas (6/7 anos -10/11 anos) o grande feito que introduz este período é defenido pela capacidade que a criança apresenta de poder realizar acções mentais interiorizadas, sem ter de recorrer à manipulação e à presença dos objectos, podendo invocá-los através de uma imagem, por exemplo, junta, dissocia, classifica, mentalmente. Estas acções interiorizadas constituem as chamadas Operações Mantais.
Por outro lado, e uma vez que se liberta dos dados sensoriais, o dos aspectos configurativos, a criança pode considerar as situações anteriores em função da situação presente. Isto dá-lhe possibilidades de não limitar o seu racíocinio a uma situação actual, mas de coordenar pelo menos duas situações, a anterior e a presente.
Dá-se uma maior socialização o pensamento que lhe permite comparar situações diferentes entre si e o outro ou outros, reduzindo-se o egocentrismo dos periodos anteriores.
O pensamento ganha uma mobilidade crescente e a criança pode compreender as situações duma forma racional, isto é, de acordo com as relções objectivas de "causa e efeito". No entanto, este processo mantém certas limitações, existe a necessidade de recorrer à concretização, à materialização, mesmo que seja através duma evocação mental, na ausência de dados concretos. O raciocínio desenvolve-se e exercesse em função da realidade visível e palpável e não em função de abstracções. O exercicío das operações mentais que, nesta idade induz uma lógica concreta, tem como consequência uma grande curiosidade intelectual e a necessidade explicação dos fenómenos físico, das reacções humanas, etc..., especialmente a partir dos 8 anos. Interessa à criança aprender tudo nos domínios do conhecimento. Revela grande interesse por processos mecânicos.
Dos 6 aos 11 anos, com a consolidação das Operações Mentais, surge a necessidade de organizar os conhecimentos que adquire, duma sistemática e contínua sujeito especifico e determinante. Por exemplo, uma criança de 2 anos num desenvolvimento normal no período anterior, acabou por atingir um momento de enorme importância da sua vida, tais como: pôe-se de pé e anda, a separação ou o desmame, a aquisição. A criança começa a realizar tarefas quantitativas diferentes.
A criança por volta dos três anos e meio comçará a ter consciência de si; seu próprio EU; como um ser diferente e em certa medida, autónomo, dos outros objectos e das outras pessoas. Do ponto de vista físico, e biológico, uma criança desta idade acabou de atingir um grande patamar; a estação de pé e de marcha. O seu grande trabalho agora é coordenar, activar e optimizar essa enorme aquisição preparando-se assim para correr, saltar, subir e descer escadas. Parece não haver dúvidas que o desenvolvimento do processo cognitivo assenta numa relação fundamental entre o sujeito-objecto. Para que o fenómenonto aconteça a niveis pré-operatórios ou operatórios, mais ou menos complexos e abstractos, é necessária a existência de sujeitos capazes e de objectos, coisas ou acontecimentos, para serem conhecidas. Parece ainda que esta relação fundamental entre sujeito-conhecedor e objecto ou realidade conhecida, se vai aprofundando e especializando através de uma interiorização pogressiva de estruturas cognitivas cada vez mais complexas. Por exemplo, assim se explica a passagem das estruturas pré-operatórias às estruturas operatórias concretas, e destas às abstractas.
O desenvolvimento da relação entre sujeito, depende das estruturas cognitivas do sujeito, que por sua vez, pode apresentar-se a diferentes niveis de assimilação, condicionadas naturalmente, pelo grau de acomodação do sujeito envolvido no processo.
Piaget explica as transformações cognitivas, que resultam das interacções entre sujeito e os objectos, que se dividem em três mecanism assimilação, acomodação e a equilibração.
É a assimilação que permite que o novo objecto, ou uma nova situação, seja integrado num conjunto, de objectos ou de situações.
É a acomodação que vai contribuir para ajudar o sujeito a modificar as suas estruturas cognitivas, de forma a permitir-lhe manipular os objectos em função do seu tamanho, forma ou cor.
É o equilibrio entre a assimilação e a acomodação que permite uma interacção adequada entre organismo e o meio que constituem a condição necessária.
Na pré-adolescência 10-11/14-15 anos o crescimento é rápido, especialmente dos ossos longos braços e pernas, tornando a criança desajeitada.
Aumentam as dimensões e volume cardíaco, com a correspondente diminuição de resistência ao esforço físico intenso. Aumentam as qualidades de coordenação. Os interesses pelas actividades rítmicas são mais intensos das raparigas do que nos rapazes.



Evolução da ideia, do espaço e do tempo

Segundo Piaget a evolução cognitiva faz-se por estádios. Os quatro estádios de desnvolvimento são estruturas de conjuntos que têm a sua unidade funcional que vai permitir caracterizá-los. Os estádios são diferentes uns dos outros, do ponto de vista qualitativo, têm as suas formas próprias de adaptação ao meio. O desenvolvimento vai no sentido de uma melhor adaptação do sujeito ao meio. Uma evolução integrativa, isto é, as estruturas adquiridas são integradas no estádio seguinte. As novas estruturas são assim hierarquicamente superiores. No estádio sensório-motor, entre os 0 e os 2 anos, o mundo é percepcionado como caótico, pois, não é estruturado em função de um tempo e espaço. É como se a realidade fosse constituida por diapositivos separados. O espaço é percepcionado, e o tempo é a duração da acção. Para o bebé, não existe diferenciação entre ele e o meio envolvente. No estádio pré-operatório dos 2 aos 7 anos a existência de representações simbólicas vai permitir à criança poder usar uma inteligência diferente. Para Piaget há inteligência antes da linguagem mas, não há pensamento. Neste estádio os raciocínios são associações na base da fantasia onde se passa de uma situação particular para outra: - A Mãe não está no quarto, logo, está na sala de jantar. - O Pedro faltou, está doente. Tem dificuldade em aprender conceitos gerais, como os de espaço, tempo e velocidade. O estádio das operações concretas dos 7 aos 11/12 anos a criança, tem um pensamento lógico com a capacidade de fazer operações mentais. A criança organiza o pensamento em estruturas de conjunto e os seus raciocínios lógicos são também reversiveis. É pela reversibilidade que a criança pode entender que, se 2+2 são 4, também 4-2 são 2. Graças aos esquemas mentais operatórios, a criança consegue agora compreender a relação parte-todo, a noção do tempo e de espaço globais de velocidade, fazer operações de classificação e de seriação, obter a conservação do número. Finalmente, no estádio das operações finais já existem definitivamente os conceitos de espaço e de tempo, pois, a evolução entre os estádios é hierarquica.


Lateralidade


O ser humano apresenta um cérebro dividido em dois hemisférios. Nos seres humanos cada um dos hemisférios especializou-se em funções diversas: é o que se designa por lateralização hemisférica. O hemisférico direito e o esquerdo estão separados por uma fissura longitudinal e ligados por um sistema de fibras nervosas chamado corpo caloso. O córtex cerebral é a camada cinzenta que cobre os hemisféricos cerebrais e onde residem as capacidades superiores dos seres humanos. A lateralidade é a predominância motora de um dos lados do corpo. Nos primeiros meses de vida, a criança tem habilidade com as duas mãos. A lateralidade só ocorre definitivamente entre os 6 e os 8 anos. A lateralidade é comandada pelo cérebro. Cada um dos dois lados controla os movimentos da parte oposta do corpo. Assim, a mão e o pé esquerdos são accionados pelo hemisfério dominante é o esquerdo, enquanto nos canhotos é o direito. Assim a lateralidade estabelece-se apartir das estimulações próprioceptivas, em oposição à orientação espacial que se estrutura através dos estimulos exteroceptivos. Existem várias formas de lateralidade: lateralidade mista ou cruzada (exemplo: predominio do olho esquerdo, acompanhado do predominio do pé direito, lateralidade congénita e lateralidade adquirida (exemplo: utilização da mão esquerda nos gestos espontâneos e da mão direita nos gestos sociais), etc. É por volta da idade de 3-4 anos que certos aspectos da lateralização parecem estabelecer-se na maior parte das crianças.


Percepção: sua importância para o desenvolvimento infantil


A percepção é um processo cognitivo através do qual contactámos o mundo que se caracteriza pelo facto de exigir a presença do objecto, da realidade a conhecer. A forma rápida como aprendemos o que nos rodeia pode levar-nos a considerar a percepção como mecanismo automático simples de apreensão do real. O que não é verdade. O processo perceptivo é constituido por diferentes sistemas sensoriais; pela visão, olfacto, gosto, pela sensação de movimentos corporais. Os diferentes modos de interacção com o mundo são processados pelos sistemas sensoriais, que são sensiveis a dterminados estimulos. Embora a recepção sensorial seja diferente para os diferentes orgãos dos sentidos. Há três pontos comuns; o estimulo físico, a sua tradução em impulsos nervosos, a resposta à mensagem como percepção. A percepção começa nos orgãos que são receptores e que são sensiveis a estimulos especificos. Ao processo de detecção e recepção dos estimulos dá-se o nome de sensação. A maior parte das entradas sensoriais percebem-se como uma sensação identificada com um estímulo específico, que é traduzido em impulsos nervosos que são conduzidos ao sistema nervoso central e processado pelo cérebro.
Do mundo que nos rodeia recebemos ondas magnéticas de diferentes frequências, e percepcionámos cores, recebemos variações rítmicas da pressão atmosférica, e ouvimos palavras ou música, entrámos em contacto com imensos componentes químicos espalhados no ar, na água e nos alimentos, e experimentámos odores e sabores. A nossa relação com o meio está condicionada pela sensibilidade dos nossos receptores sensoriais, que diferem nas diversas espécies animais.
A percepção, é uma actividade cognitiva que não se limita ao registo de informação sensorial; implica a atribuição de sentido, que remete para a nossa experiência.
As crianças vivem num mundo perceptivo muito mais imediato, com percepções sincréticas, isto é, com apreensões globais diferenciadas e indistintas da realidade. Hoje sabe-se que a descriminação visual se adquire antes das 8 semanas que o olfacto e a audição estão muito desenvolvidos. Um recém-nascido descrimina sons e percepções gustativas (prefere os líquidos açúcarados) desde os primeiros dias de vida, assim como, tem sensibilidade táctil, sobretudo na cara e nas palmas das mãos.
Aos 3 meses, dado o desenvolvimento do sistema nervoso central, existem já mudanças nas qualidades perceptivas do recém-nascido.
O bebé tem dificuldade em fazer convergência binocular ao fixar um objecto, isto é, não faz uma fusão da imagem dada pelo olho direito e pelo olho esquerdo, o que é impeditivo de uma visão clara e da noção de profundidade.
Uma das grandes diferenças das percepções das crianças e dos adultos é a forma como a experiência, estimula e dá significados aos dados perceptivos. É a falta de contacto com a realidade que vai explicar, por exemplo, o medo que a criança pode sentir da areia e do mar, quando vai pela primeira vez à praia.
A percepção depende de factores de aprendizagem, mas também do desenvolvimento, maturação e ainda de factores orgánicos (basta imaginar uma criança a entrar numa sala, apoiando-se nas pernas da mesa para percebermos que as percepções desse espaço terão que ser diferentes das de um adulto).
Piaget deu importância aos estudos dos processos perceptivos no desenvolvimento cognitivo.
A construção do objecto permanente, depois dos 9 meses, permite compreender a existência de uma realidade mais consistente.
A partir dos 6 meses e meio o bebé tem uma percepção da distância de profundidade.
O globalismo é quando a criança centra a sua percepção sobre o todo.
A justaposição é quando a criança está atenta ás partes.
O Globalismo e a justaposição são caracteristicas correlativas do sincretismo perceptivo:ambas resultam da inaptidão da criança para as operações complementares da análise e da síntese ponderadas.